Em tempos de crise, as discussões sobre a importância da medicina humanizada e do tratamento acolhedor voltam com toda força para permanecer em pauta por muito tempo.
Nesse cenário, o Home Care vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil e se consolida como um recurso indispensável não só para a segurança e bem estar dos pacientes, como também de suas famílias.
Home Care, termo em inglês para “cuidado em casa”, hoje faz parte das obrigações do SUS e da saúde suplementar. O serviço permite a continuidade do tratamento hospitalar na residência do paciente e é considerada uma opção mais humana, acolhedora e até mais segura.
Assim, são evitadas hospitalizações desnecessárias, baixa o risco de infecções e evita superlotação dos serviços de urgência e emergência, melhorando a gestão dos leitos hospitalares e o uso dos recursos disponíveis.
Via de regra, o Home Care tem como principais usuários pacientes com doenças crônicas com grande dependência nos cuidados na vida diária e de procedimentos de enfermagem.
O serviço é indicado no tratamento de diversas patologias ou em casos de reabilitação, quando não há mais necessidade de internação hospitalar.
Contar com os serviços de Home Care é um suporte essencial por envolver, além de equipamentos necessários, uma equipe de saúde multidisciplinar com médico, enfermeiro, nutricionista, fisioterapeuta (respiratória e motora), fonoaudiólogo, entre outros que prestam serviço com a mesma qualidade daqueles realizados durante a internação em hospitais e clínicas.
Assistência e atenção domiciliar
Dentro da prestação de serviço do Home Care existem duas modalidades principais: a atenção domiciliar e a assistência domiciliar.
Edilson Magaver, Diretor do Grupo Life explica que os serviços de Atenção Domiciliar dentro do Home Care é um termo genérico que envolve ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitações.
“Ocorre quando o serviço de Home Care envia um fisioterapeuta para uma reabilitação, um médico para fazer uma avaliação e prescrição, um estomoterapeuta para evoluir uma ferida, um técnico para cuidar da ferida,” diz ele.
Os casos de prestação de serviços do Home Care em Assistência Domiciliar é um pouco mais complexo e funciona com os instrumentos da internação hospitalar e até de uma UTI quando necessário.
“ É um conjunto de atividades que acontece de forma programada e contínua e exige um aparato médico hospitalar de maior complexidade, como ventilador mecânico, dispositivos como traqueostomia ou gastrostomia. Nessas situações é comum a presença de um técnico de enfermagem na residência por 12 ou 24 horas. É uma extensão do hospital e só acontece quando o paciente atinge uma estabilidade clínica que permita que o tratamento continue em sua residência, explica Edilson.
Importância do cuidador
Em qualquer uma dessas situações uma figura é imprescindível: o cuidador (ou mais que um), que pode ser um profissional, um amigo ou alguém da própria família. É ele o responsável diretamente pelo conforto e bem-estar do paciente e quem irá acompanhar toda a assistência prestada pelo Home Care.
A divisão de papéis entre cuidadores e profissionais pode gerar situações delicadas para ambos. No entanto, são funções que se complementam e é da maior importância para a segurança e o bem estar do paciente e do núcleo familiar, tanto nas situações um pouco mais amenas quanto nas internações de maior complexidade.
Os profissionais de saúde especializados tem a responsabilidade do tratamento propriamente dito. Realizam os procedimentos atribuídos a uma pessoa com formação na área, como aplicar injeções ou realizar as terapias que façam parte do tratamento.
Não menos importante é a figura do cuidador, responsável pelos cuidados básicos do paciente ou cuidados de assistência branda.
É o cuidador quem auxilia o paciente nas refeições, mantém sua higiene (cabelos, unhas, barba, íntima), faz companhia e presta todo tipo de ajuda que não dependa de conhecimento médico ou técnico específico.
Funções complementares
O diretor do Grupo Life observa que ao cuidar de uma pessoa ou de um familiar acamado é comum o cuidador chamar para si muito mais que a supervisão do trabalho clínico, especialmente quando existem laços afetivos muito fortes. “No entanto, essa sobrecarga gera uma situação de estresse permanente capaz de comprometer a própria saúde física e psicológica do cuidador, principalmente se for alguém da própria família.”
Edilson Magaver observa que o cuidador também precisa de apoio e que existem vários estudos sobre as questões que envolvem o cuidar de si e do outro, mesmo que seja profissionalmente. “Entender o real papel e os limites, dividir responsabilidades e a troca de experiências é necessário, prudente e de extrema importância para todos.”
O diretor do Grupo Life ressalta que no dia a dia, o foco do trabalho do Home Care é a manutenção da vida. A equipe não realiza atividades como higiene do paciente ou do espaço à sua volta, nem as demais tarefas domésticas.
“É o caso, da alimentação, por exemplo. O cuidador é o responsável, mas precisa seguir sempre a orientação da nutricionista, que prepara o diário alimentar. O nutricionista não cozinha para o paciente e nem dá a comida à beira da cama. Da mesma forma, não é papel dos enfermeiros do atendimento domiciliar dar banho em casa em um paciente acamado. Essas são tarefas do cuidador.”
Por toda a complexidade dessas rotinas é mais do que necessário que se estabeleça uma boa parceria entre o cuidador e os profissionais do Home Care. Todos precisam ter claro que as funções não se confundem e muito menos competem.
São de fato trabalhos que se complementam e tem uma missão espetacular de dedicação plena a outros seres humanos em momentos críticos da vida.
Entenda o trabalho do Home CARE
O trabalho exercido pelas equipes de Home Care é classificado em atendimento ambulatorial domiciliar (onde se executa um trabalho de atenção domiciliar) e Internação domiciliar. E é bom reafirmar que em qualquer dos casos, a presença do cuidador é indispensável.
A Internação domiciliar é destinada a pacientes que alcançaram estabilidade clínica, mas que ainda dependem de alta tecnologia e de alguns serviços repetitivos de alguma área da saúde.
Assim, leva-se o paciente para casa e monta-se uma estrutura personalizada, que pode incluir equipamentos de sobrevida, por exemplo. Além do médico, vários profissionais compõem a equipe de atendimento para garantir a manutenção da vida e ainda a qualidade da vida do paciente como enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo, entre outros.
Já no ambulatório domiciliar o paciente recebe visita de enfermeiros na mesma frequência que recebia no hospital. Se ele recebia atendimento de enfermagem, fisioterapia e outros cuidados médicos duas vezes ao dia, por exemplo, será feito dessa mesma forma no próprio lar. Se os procedimentos que o paciente precisa são repetitivos, um enfermeiro deverá estar à disposição 24 horas por dia em casa.